Uma aluna do último ano da Universidade de Northeastern, nos Estados Unidos, pediu um reembolso à instituição após descobrir que um dos professores usava o ChatGPT para montar as aulas.
Em fevereiro, Ella Stapleton notou algo estranho nas anotações de uma aula de Comportamento Organizacional. De acordo com ela, na metade do documento havia uma instrução a ferramenta pedindo para “expandir todas as áreas. Ser mais detalhado e específico”. Em seguida à frase, tinha uma lista de características positivas e negativas sobre o tema da aula, acompanhadas de uma definição e um exemplo.
A jovem compartilhou a descoberta com uma colega que ficou igualmente chocada devido ao custo e reputação da universidade. Depois de revisar as apresentações de slides do professor, ela percebeu uma série de sinais que indicavam o uso de IA no material, como texto distorcido, fotos de funcionários de escritório com partes do corpo estranhas e erros de ortografia, entre outros.
O programa do curso, que era obrigatório para a especialização em administração, tinha como proibição “atividades academicamente desonestas”, o que incluía o uso não autorizado de inteligência artificial ou chatbots. “Ele está nos dizendo para não usar, e então ele mesmo está usando”, disse ela em entrevista ao jornal The New York Times.
Stapleton apresentou uma queixa formal à coordenação do curso, citando o uso indevido de IA, além de problemas com o estilo de ensino do professor. A jovem pediu o reembolso da mensalidade daquela disciplina, cerca de US$ 8 mil (R$ 45.341,60).
De acordo com um levantamento feito pelo jornal norte-americano, a reclamação da jovem não é incomum. Em sites de avaliação como “Rate My Professors” há vários alunos reclamando do uso excessivo desse tipo de ferramentas pelos professores, apontando que pagam para serem ensinados por humanos e não por algoritmos. No entanto, os profissionais afirmam que usam os chatbots para proporcionar uma educação melhor, economizar tempo devido às cargas de trabalho excessivas.