A Globo vai testar a abertura de um novo horário dedicado a novelas curtas, com cerca de 60 capítulos de no máximo meia hora cada um, produzidas com elenco reduzido, com poucas tramas e cenários. Inspirado no sucesso de doramas e k-dramas, o formato vai estrear com uma história romântica escrita por Walcyr Carrasco.
A proposta é que a nova linha de produção, chamada internamente de “doramas brasileiros”, ocupe parte do horário que hoje é da sessão Vale a Pena Ver de Novo e que já foi de Malhação (1995-2020), por volta das 17h30, antecedendo a novela das seis.
O projeto começou a ser desenvolvido para o Globoplay, que gostou da experiência de Todas as Flores (2022), e foi recentemente encampado pela TV Globo, o que animou principalmente autores que sofrem por escrever novelas com quase 200 capítulos.
O Notícias da TV apurou em primeira mão que o formato de novelas curtas é uma aposta do diretor executivo dos Estúdios e da TV Globo, Amauri Soares, de impulsionar a produção do gênero para o streaming, aumentando o volume de dramaturgia. As produções serão exibidas primeiramente no Globoplay e numa segunda janela, na TV aberta.
A ideia é abrir um novo horário, uma nova linha de produção, mas tudo vai depender do êxito da primeira produção, nas mãos do principal autor da Globo atualmente. Aos 73 anos, Walcyr Carrasco continua profícuo, superando recentes problemas de mobilidade.
Além do novo formato, o autor de Amor à Vida (2013) e Terra e Paixão (2023) está envolvido na próxima novela das seis, Êta Mundo Melhor!, continuação de Êta Mundo Bom (2016). Ele escreveu os 30 primeiros capítulos e entregou o restante da missão para o autor Marcos Wilson.
Na semana passada, Carrasco confirmou no Conversa com Bial que escreve a sinopse da novela das nove que entrará no ar daqui a um ano, no lugar de Três Graças, de Aguinaldo Silva, substituta de Vale Tudo. Paralelamente, está escrevendo uma história de amor com poucos personagens e um arco de 60 capítulos.
Globo vai deixar de fazer novelas longas?
A abertura de uma linha de produção de novelas curtas abre oportunidade para a Globo experimentar novos atores, como fazia com Malhação, mas também novos autores. Com produções mais baratas (mas não necessariamente mais pobres), a emissora pode arriscar em novos talentos que dificilmente estariam prontos para escrever 173 capítulos ou mais.
A Globo, contudo, não cogita abandonar o formato de novela longa. No início do mês, em uma entrevista coletiva nos Estúdios Globo, Amauri Soares afirmou que as novelas das seis, das sete e das nove continuarão com o tamanho atual. Na ocasião, defendeu que formatos curtos são mais adequados para o streaming.
“Na televisão aberta, a gente não vê nenhum indicativo, nenhum indício de que o formato tradicional, de 170 e tantos capítulos, esteja desgastado. Pelo contrário, a gente vê o engajamento crescente, a formação de fan base. Então é uma questão de entender qual o melhor formato desse gênero, que é tão brasileiro e todo mundo quer fazer, para diferentes plataformas”, disse Soares.
O sucesso de doramas, k-dramas e novelas turcas no streaming estimulou a Globo a investir em tramas mais curtas. O parentesco com as séries asiáticas está mais na proposta de produzir dramas centrados em poucos personagens do que na duração. Doramas são séries de TV japonesas que costumam ter de 10 a 12 episódios de uma hora cada. Já os coreanos k-dramas têm de 12 a 24 capítulos.
