"Em 2019, motivada pela ilusão de uma oportunidade e inspirada, ironicamente, por Katy Perry, decidi me jogar na aventura de fazer audição para o American Idol. Havia dedicado mais de uma década da minha vida à música como artista independente, e a ideia de mostrar meu trabalho em um palco tão grande parecia um próximo passo natural. Mal sabia o que me esperava.
Lembro-me nitidamente do meu teste. A primeira coisa que saiu da boca de Katy Perry foi um simples “Jazzy”. Os produtores do programa haviam escolhido uma música original específica para eu cantar, uma escolha que não teria sido minha. Mas eu estava ali, nervosa e esperançosa.
Aquele momento, porém, se tornou um balde de água fria. Katy Perry me disse, sem rodeios, que não acreditava que eu tivesse voz para ter sucesso em uma competição de canto. Senti um peso naquele instante, uma espécie de “escuridão” emanando dela, seu olhar era frio e com tom de deboche. Para ser sincera, tive a perturbadora sensação de que ela gostava de me ver ser rejeitada. Lionel Richie e Luke Bryan aguardaram a decisão de Katy antes de darem seus próprios feedbacks. Aquela dinâmica já dizia muito.
Mas a minha experiência não parou por aí. Amigos que trabalhavam como assistentes de produção no programa compartilharam comigo uma visão sombria dos bastidores. Para eles, Katy Perry era “a pior”, “horrível” e “má”. Aquele dia da audição foi exaustivo. Cheguei às 5 da manhã e só fui fazer o teste às 20h. Nenhuma comida ou água nos foi oferecida durante essa longa espera. Descobri depois que o atraso foi causado pela própria Katy Perry, que chegou tarde.
Na minha mente, a imagem que ficou de Katy Perry era de alguém “irritante e má”. Confesso que senti uma ponta de satisfação quando percebi que o público também começava a notar essa faceta dela.
Minhas conversas sobre o assunto não pararam por aí. Cheguei a falar com um ex-backing vocal de Katy Perry, que me revelou que ela é “completamente fora de contato com a realidade” e que sua própria equipe não é honesta com ela. Fiquei sabendo também que a persona de Katy Perry teria sido, de certa forma, “roubada” de Bonnie McKee. E as histórias não paravam: parece que a equipe de Katy Perry exige que todos se levantem e aplaudam quando ela entra em uma sala. O próprio backing vocal se sentiu tão envergonhado com essa situação que acabou pedindo demissão.
Refletindo sobre minha rejeição, cheguei a pensar que talvez Katy Perry não tivesse gostado de mim por não me considerar uma cantora com potencial competitivo. Mas, para mim, o American Idol nunca pareceu ser apenas sobre canto.
Essas experiências me afetaram profundamente. Precisei me afastar da música por um tempo para me curar e acabei encontrando refúgio na comédia. Olhando para trás, minha breve passagem pelo American Idol, marcada pela interação nada agradável com Katy Perry, foi um capítulo inesperado e, de certa forma, revelador na minha jornada."